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Estudo global sobre demência mostra equívocos sobre condição

Um dos maiores estudos comparativos já realizado sobre demência em escala mundial, mostrou diversos equívocos e tabus que as populações ao redor do...

25/09/2024 às 12h02 Atualizada em 04/10/2024 às 12h21
Por: Redação Fonte: Agência Dino
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Pexels/ Foto de RDNE Stock
Pexels/ Foto de RDNE Stock

No Brasil, cerca de 2,4 milhões de pessoas vivem com demência, e esse número pode triplicar até 2050, chegando a 6 milhões. O Relatório Mundial de Alzheimer 2024, divulgado pela Alzheimer’s Disease International (ADI) em parceria com a London School of Economics and Political Science (LSE), revela a necessidade urgente de ampliar a conscientização e educação sobre a doença. Este estudo, que analisou respostas de mais de 40 mil pessoas em todo o mundo, mostrou que 80% ainda acreditam, de forma equivocada, que a demência é uma parte natural do envelhecimento, o que representa um aumento de 14% em comparação com a pesquisa de 2019.

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Além disso, 65% dos profissionais de saúde e assistência também consideram a demência como algo normal do envelhecimento, o que impacta diretamente o diagnóstico em tempo oportuno e o acesso ao tratamento adequado. “Essa visão errada sobre a demência é alarmante, especialmente entre profissionais de saúde, pois pode atrasar o acesso ao cuidado necessário”, alerta Paola Barbarino, CEO da ADI. Ela reforça a importância de um diagnóstico correto, que permita uma combinação de tratamentos e suporte, oferecendo uma melhor qualidade de vida aos pacientes.

Desconhecimento e estigma geram isolamento

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O relatório também mostra de forma contundente o impacto do preconceito na vida das pessoas com demência e de seus familiares e parceiros(as) de cuidado. Dos entrevistados, 88% relataram ter sofrido discriminação, um aumento de 5% em relação a 2019. Esse preconceito faz com que 31% das pessoas com demência evitem situações sociais. Além disso, 47% dos cuidadores relatam ter deixado de visitar amigos e familiares por medo de julgamento.

Sérgio Ramada, morador do Rio de Janeiro que cuida de sua mãe com Alzheimer, fala sobre essa realidade: "Existe o estigma, o preconceito e a discriminação de forma velada. Com a evolução da doença, a família se afasta para não se comprometer. Eu, assim como todos os familiares cuidadores, me sinto isolado."

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Essa experiência reflete as conclusões do relatório, que reúne 24 ensaios de especialistas de todo o mundo sobre as atitudes em relação à demência e estudos de caso que expõem o estigma. Elaine Mateus, presidente da Federação Brasileira das Associações de Alzheimer (Febraz), representante da ADI no Brasil, ressalta a importância do estudo: "Os dados revelam como o preconceito ainda é cruel. Mas também há sinais de mudança, especialmente em países de alta renda, onde as pessoas estão mais dispostas a falar sobre a doença e combater o estigma. Queremos ver essa mudança aqui no Brasil. O isolamento não pode ser a resposta. É hora de unir forças, buscar apoio e quebrar esse estigma. A campanha Setembro Lilás é uma oportunidade valiosa para promover essa transformação."

Caminhos para prevenção e apoio

Um dado positivo do estudo é o aumento da conscientização sobre a importância do estilo de vida na prevenção da demência. Mais de 58% do público global reconhece que hábitos saudáveis, como a prática de exercícios físicos, uma alimentação equilibrada e o controle de doenças crônicas como o diabetes, podem reduzir o risco de desenvolver demências. Essa percepção é fundamental porque já se sabe que  45% dos casos podem ser evitados ao controlar 14 fatores de risco modificáveis.

Paola Barbarino também destaca o poder da participação social. "É encorajador ver que, em um ano com mais de 2 bilhões de eleitores indo às urnas em todo o mundo, 80% acreditam que podem melhorar o apoio às pessoas com demência por meio do voto. Precisamos mobilizar as pessoas e pressionar os líderes políticos a agir agora."

Agenda de participação no Setembro Lilás

Durante o Mês Mundial de Conscientização sobre Alzheimer, a Febraz e suas associações federadas estão promovendo eventos presenciais em várias cidades brasileiras. O encerramento da campanha será no dia 28 de setembro, no Rio de Janeiro. A participação pode ser feita de diversas formas, como o compartilhamento de posts da Febraz nas redes sociais @febraz_br, a organização de pequenos eventos, doações ou o voluntariado nas associações que ajudam famílias que convivem com a demência. Mais informações estão disponíveis em setembrolilas.org.br.

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